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  • Luiz Felipe Reis, do jornal O Fluminense

Produção caseira e lucrativa

Matéria publicada no jornal O Fluminense (Niterói-RJ) em 19/03/2006, domingo, na primeira página do caderno 'Profissões'

Montar um estúdio de gravação e se lançar no mercado de produção musical começa a se tornar uma trajetória muito mais acessível e atrativa financeiramente do que era há pelo menos uma década atrás. Com estimativa de lucro inicial girando em torno de R$3 mil mensais, esta é uma oportunidade de negócio que cresce a cada dia e que não apresenta limites para ganhos. A atividade começou a crescer a partir da virada do século e hoje montar um estúdio de gravação no próprio quarto ou na sala de casa é cada vez mais comum entre profissionais ligados a áudio ou vídeo. Os lucros mensais para quem monta um home studio de pequeno porte atinge valores que são incalculáveis. Outra peça fundamental para o sucesso nesta área é o contato com pessoas do meio musical. (...) Bandas, produtores e compositores até o final dos anos 90 eram reféns dos grandes estúdios, suas enormes mesas de gravação e mixagem, além de parafernálias que incluíam racks de efeito, amplificadores e diversos instrumentos. O alto preço dos equipamentos e das horas para ensaio e gravação também eram um problema para os profissionais da área. Com a evolução cada vez mais rápida de novas tecnologias, lançadas no mercado todos os dias, músicos, técnicos e produtores são os maiores beneficiados da acirrada concorrência entre empresas. Popularização da tecnologia Para Sérgio Izecksohn, idealizador do primeiro curso de HOME STUDIO do Brasil, surgido em 1994 na UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), o conhecimento e a boa informação teórica e prática são elementos fundamentais para dar com segurança os primeiros passos na profissão. Izecksohn apresenta aos músicos de todo o País tecnologia de ponta aliada a conceitos básicos de áudio, da informática e da produção musical. "Para fazer meus cursos não há pré-requisitos e os alunos são dos mais variados níveis de aprendizado. Todos os assuntos estão integrados em várias disciplinas. São informações que dão base ao aluno para utilizar e escolher as ferramentas de gravação e produção necessárias para trabalhar na sua própria casa", explica Izecksohn Para se montar um estúdio em casa quem precisa ter pré-requisitos são as máquinas, ou seja, o computador que o iniciado precisará utilizar, que pode ser um PC ou um Mac. "O computador tem que ter boa memória, no mínimo 512Mb de RAM, um bom processador acima de 2GHz, um ou dois discos rígidos rápidos e com muito espaço, uma boa placa de áudio, um controlador de MIDI, uma mesinha de som ou pré-amplificador, caixas de som, um fone de ouvido e microfone. Com um investimento a partir de R$5 mil é possível montar uma estação de gravação e edição em casa". O curso é voltado a atender aos interesses individuais de cada um dos mais de 2000 alunos que já passaram . "É o caso do produtor Cylan Delgado que gravou o premiado disco do grupo vocal BR6 na sala do seu apartamento. O disco ganhou o prêmio Caras de Música, foi indicado ao Grammy de world music em 2004 e foi todo gravado e mixado em casa. Izecksohn afirma que toda revolução veio da popularização dos equipamentos, da queda do preço de conversores que fez com que, por exemplo, uma placa de som que custava em torno de US$ 10 mil a US$ 20 mil passasse a custar US$ 500. "Desde os Mutantes já existiam home studios, mas eram gigantescos. Em 1983 vieram o MIDI, os samplers, os teclados e os sintetizadores digitais. Agora estamos na época virtual", afirmou. Fique plugado O programa do curso de HOME STUDIO é direcionado e distribuído em diversas etapas, entre elas o ensino da montagem e da operação de um estúdio, gravação, produção musical, mixagem e masterização. "Trabalhamos aqui com duas salas: uma é um estúdio maior e a outra comporta vários pequenos home studios. Cada dupla usa um PC, uma mesa, microfones, monitores, programas, e instrumentos controladores. Os alunos aprendem a utilizar os instrumentos virtuais, têm aulas práticas de produção e vão ganhando autonomia para a realização de um projeto final próprio". Para Sérgio, o maior problema das pessoas que montam estúdio é conseguir produzir trabalhos com resultados positivos. Esta dificuldade não é mais relacionada à escassez de dinheiro e sim à dificuldade de se selecionar boas informações. "Pessoas mal instruídas por alguns vendedores, conhecidos ou amigos e pela quantidade gigantesca de informações sendo jogadas na Internet podem se perder no caminho e acabar adquirindo equipamentos caros e as vezes desnecessários. O excesso de informação é bem administrado quando se tem conhecimento". Contatos – Montar um home studio é apenas o primeiro passo para um universo em constante e crescente expansão: o meio musical. Os profissionais desta área tem que aliar bastante conhecimento teórico e a essencial prática para poder ser bem sucedidos como futuros produtores. "A partir de agora, novos cursos de música, produção e tecnologia estão sendo incorporados ao HOME STUDIO. Quem pretende seguir carreira precisa conhecer música, além do áudio e das ferramentas", avisa Sérgio. Mais mercados Para o professor, o mercado anda cada vez mais receptivo para todas as áreas em que há produção de áudio e vídeo. "Montar um home studio é ótimo negócio para todos aqueles que atuam com áudio, seja na produção de discos ou no trabalho de locutores. Segundo Izecksohn, os home studios já superam as produtoras tradicionais de jingles, vinhetas e spots publicitários. "Você pode produzir trilhas de filmes, jogos, música eletrônica e, com a banda larga, há agora mais uma novíssima oportunidade, que são os sites sonoros". Para Sérgio, a revolução da internet tem um papel fundamental no processo, já que como meio de divulgação e alcance é algo grandioso e abrangente. "A revolução na produção musical, a partir das novas tecnologias e da maior circulação da informação, veio crescendo na surdina e de forma individualizada. Cada pessoa, em casa, gravando seu trabalho, participa dessa história", explicou.

Luiz Felipe Reis é repórter do jornal O Fluminense, de Niterói-RJ.

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